quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Fila de ingressos para o show da Madonna


Ou eu já passei da idade, não passei?


Segunda feira, dia 01 de setembro de 2008. Primeiro dia de venda de ingressos para o show da Madonna no Rio, 15 anos depois do primeiro. Eu, que havia dito para quem quisesse ouvir que não perderia o show por nada e que queria ir de VIP, acordei cedo e às 8h da manhã, junto com a esposa, cheguei à tal fila em frente ao maracãnazinho.

Eu estava preparada para encontrar uma fila bem maior do que a que encontrei. Deveria haver umas quinhentas pessoas na minha frente. Não era, de fato, muita gente. E às onze horas da manhã começaram a vender os ingressos. A fila parecia que iria andar rápido. Em pouco tempo avançamos os primeiros 50 metros. Parecia que em umas duas horas tudo estaria resolvido.

Ledo engano. O que tinha acontecido era a ilusão da fila que levanta. Que, quando um anda um passo, o de trás avança dois, o terceiro, quatro, e a gente, cinqüenta metros. Segunda feira seria um pequeno pesadelo adolescente. Um pesadelo que eu não vivi adolescente e que me sentia um pouco velha demais para passar por aquilo tudo. Horas de espera, fãs enlouquecidos, pessoas de todos os gêneros, idades, maquiagens, e uma equipe da tal tickets4fun desrespeitosa e ineficiente. Além da ausência de poder público, insegurança e gente mal educada.

Saí de lá onze horas depois, de posse de 5 ingressos para mim e minhas amigas, exausta e puta da vida. Ou furiosa, como disse de mim uma jornalista. Eis os motivos da revolta nada adolescente, da qual fui tomada:

Primeira (má) notícia do dia
O mistério dos ingressos VIPs

Mal abriu a bilheteria, seis pessoas teriam sido atendidas e... foram esgotados todos os três mil ingressos VIPs. Várias pessoas que viraram a noite lá, que estavam no começo da fila certas de que conseguiriam comprar os melhores lugares ficaram a ver navios. E se revoltaram, fizeram confusão, com razão. Quiseram quebrar tudo. Mas de nada adiantou. Minutos depois alguns cambistas ofereciam os mesmos ingressos a quem quisesse comprar por 2 mil reais. Os mesmíssimos que valiam 600, na boca do caixa. Mais revolta. Em seguida um homem conseguiu comprar o ingresso VIP na bilheteria, pagando inteira. Logo depois de uma menina que queria pagar meia não conseguir. Mais revolta. Ela chama a polícia. Um funcionário pega o telefone dela e promete um ingresso VIP. O mistério só cresce.

Eu havia passado a manhã lendo o jornal de domingo, no qual havia uma reportagem grande sobre a farra dos ingressos no jogo da final da Libertadores, achei premonitório.


Segunda (má) notícia
O sistema de venda de ingressos

Passavam-se os minutos, as horas e a fila mal se mexia. Quando dávamos dois passos o fato era comemorado com gritos e aplausos. Eu, Mari e nossos amigos de fila nos revezávamos percorrendo a fila até o começo para ver qual era a situação. E então soube-se que a fila não andava porque o sistema de venda de ingressos caís continuamente. Por quê? Porque o sistema era o mesmo para o Maracanazinho, para o outro ponto de vendas e para a Internet, o que congestionava tudo. A Internet caía e a gente caía também. A notícia veio acmpanhada de outra: a de que os mesmos ingressos eram oferecidos em todos os três meios de vendas. Ou seja: Se demorávamos uma hora para 20 pessoas comprarem ingressos na fila, nessa mesma uma hora milhares de pessoas poderiam comprar ingressos via Internet. O que significava que nós poderíamos passar o dia inteiro ali e sair de mão abanando. Para nós não havia qualquer reserva de ingressos.

A empresa respondia a isso dizendo que queria facilitar ao máximo a comprar dos ingressos, economizar o tempo dos fãs e essas babaquices todas. Mas o que é realmente estranho é que, pela Internet há uma tal de “taxa de conveniência” de 20% do valor do ingresso. Mais 20 reais para entrega em casa. Ou seja, um ingresso que custa 600 reais, sairia, pela Internet, 740 reais. Ou seja, para quê dar qualquer prioridade a quem estava na fila, se o lucro era muito maior pela Internet?

Mas a empresa não era apenas malandra. Era também ruim e despreparada, pois o sistema on line travava o tempo todo e muita gente passou a madrugada inteira sem conseguir conectar ou sem conseguir efetuar a compra. Ou mesmo sem conseguir confirmar que havia efetuado a compra mesmo depois de ter dado os dados do cartão de crédito.

As notícias percorriam a fila. A última, ao meio dia era a de que apenas 3 pessoas haviam comprado ingressos VIPs na Internet. O resto havia evaporado. Invencionice ou verdade, aquilo pareceu a todos muito possível e foi repetido por milhares de bocas, como em um telefone sem fio.

Terceira (má) notícia
Ou a santa esperteza de alguns
Ou somos todos uns filhos da puta


Daqui a pouco um amigo de fila vem revoltado e conta: há uma fila para terceira idade lá. Está cheia de velhinhos de aluguel, as pessoas oferecem 50 reais e o velhinho entra na fila. Tem também um monte de mulher gorda se fazendo de grávida. E gente arrumando umas crianças e colocando no colo.

Muita gente também ficava na grade de proteção da bilheteria oferecendo 50 reais para que o “da vez” comprasse seu ingresso.

Mariana vai lá ver. Reclama com a organização. Eles informam que nada podem fazer. E pronto.

Nada podiam fazer também para organizar a fila. Havia furões se enfiando na frente de todo mundo. As pessoas começaram a dar as mãos para fazer um cordão de isolamento. Nenhum funcionário ajudava. Os furões começaram a ser linchados. A desorganização era tanta que daqui a pouco ninguém mais sabia quem era quem. A fila de velhinhos tinha gente de qualquer idade. E não havia a quem pedir socorro.

Toda hora vinha uma notícia “lá da frente” de que estava instaurada uma confusão e que por isso a fila não andava.

Quarta (má) notícia
Os (três) funcionários despreparados
Ou Brincando no arraiá


Uma única funcionária da empresa percorria a fila dando notícias. Acabaram os ingressos da cadeira central. Depois voltava. Foi um erro do sistema, só acabaram os VIPs. Depois de novo. Agora acabaram mesmo as cadeiras centrais. Voltava mais uma vez: não, desculpem, ainda tem, foi um erro do sistema.
(olha chuva! Uhhhh! É mentira! Ahhhhh!)

Não havia a quem reclamar de nada, então reclamei com aquela moça mesmo: vocês estão numa desorganização só. Cadê a ordem da fila? Cadê outros funcionários? A fila não anda! Quem está controlando os cambistas? Ela me respondia. A fila anda sim. É lento, mas anda e nós estamos fazendo o melhor que podemos. E pronto.
O melhor que eles podiam era colocar aquela funcionária percorrendo a fila e dando notícias podiam ou não ser verdadeiras.

Na fila dos velhinhos havia um outro funcionário. A gente reclamava de que os 40 velhinhos tinham 3 caixas enquanto mais de duas mil pessoas só tinham sete. E ele disse: Vocês deveriam aprender a reclamar antes de reclamar. Virou as costas e foi falar com outras pessoas. Eu comecei a gritar mais e mais. Os amigos de fila ficaram preocupados comigo: você está muito nervosa, não vai adiantar nada. Eu respondia: contanto que ele fique nervoso também está tudo certo. Eles, que também não tinham amis o que fazer, se juntaram em mim em coro: Mal educado, mal preparado, filho da puta. E assim seguíamos.

Daqui a pouco chega uma mulher e grita: reclamei da fila dos velhinhos que anda rápido enquanto a nossa está parada. Sabe o que o funcionário respondeu? que eu deveria alugar um velhinho que nem todo mundo e furar a fila. Estou indo para a polícia agora mesmo.


Quinta (má) notícia
Ou polícia para quem precisa!

Em um determinado momento, depois de ver cambistas agindo livremente, depois de não ver policiamento nenhum para dar apoio a um monte de gente obviamente cheia de dinheiro, depois de uma fila mal organizada, eu fui lá na frente tirar satisfações e chamar a polícia. Me veio um policial a paisana, que não se identificou. Foi comigo até mais ou menos onde eu estava na fila. Pediu para que eu identificasse os cambistas. Eu mostrei alguns a ele e ele disse: Ok. Agora você tem que ficar esperando algum comprar, me chamar e ir para a delegacia comigo, ele e o cara que comprou. Eu perguntei se eu teria que ficar cara-a-cara com o bandido ele disse que eu não estava nos EUA. E que eu teria que testemunhar o crime, senão não havia crime. Eu falei: mas a polícia está ali (havia um carro, com dois policiais dentro parados há horas, sem se mexer), por que ela, que está vendo tudo, não faz alguma coisa? Porque não adianta nada. Como assim? É, no final, não adianta nada mesmo. Para que prender? Indignada, ainda pedi por favor para colocar algum policial fazendo a ronda da fila, pois éramos alvo fácil para bandidos. O policia respondeu que isso também não ia adiantar nada, que eles não iam poder ajudar a gente. Virou as costas e foi embora. Me deixando de cara com os cambistas que me encaravam.

Nisso uma repórter e abordou e escreveu uma matéria me classificando de jovem furiosa.

Pois é. Jovem furiosa. Logo eu...


Ps: Outro indignado:
http://www.madonnanow.com.br/mznews/noticias.php?mzn_pg=2

domingo, 24 de agosto de 2008

A solidão



Estou sozinha em casa, em silêncio.
Bom, não totalmente em silêncio. O fato de digitar, as teclas, o ventilador do computador, tudo isso são barulhos meus. Somados a eles vêm outros tantos barulhos do corredor de ar do prédio. Há um fim de festa, gente rindo. De vez em quando alguém toca um piano e há aplausos. O vizinho de trás vê televisão no quarto. Do outro lado da rua um casal conversa, animado, na janela. Um carro passa. Depois não passa. Depois passa outro. Então há todos esses barulhos preenchendo o vazio da solidão.

Gosto do barulho do teclado. Me faz uma companhia insubstituível. Não é sempre que ele se impõe sobre o resto. Meus computadores, colegas de trabalho, fazem muitos barulhos. São janelas para histórias que eu ajudo a contar. Sou editora de vídeo. Estou editando vídeos sobre a solidão. E aqueles barulhos, e as músicas, e os gestos solitários de personagens sem solução me fazem companhia noite à dentro, quase toda noite.

(O celular agora toca e interrompe. Falo. Passa.)

Esses personagens com os quais convivo. Tenho pensado muito neles. Sozinhos, solitários, sofridos. Tenho pena dessa solidão que eles vivem. Solidão que é um espelho da solidão de quem escreve, ou do medo da solidão de quem escreve aqueles personagens. Conheço esse medo de vê-lo nas pessoas. As pessoas não gostam de se sentir solitárias, elas procuram companhia, elas procuram outras pessoas, a Tv, o telefone, ouvir música. Eu não. Eu gosto de ficar sozinha, em silêncio. A cidade me transtorna um pouco com todos os seus barulhos. É difícil parar de prestar atenção no mundo quando há gente, visível ou ouvível, em todas as direções. Amo a solidão. Amo estar sozinha em casa. Troco fácil a noitada, os amigos, a farra, pela noite all by my self em frente ao computador, junto do livro ou olhando para a parede.

Gosto de repensar minha vida o tempo todo. Gosto de imaginar a possibilidade de voltar no tempo e mudar umas coisas. Repenso meus momentos de desespero, repenso e imagino-me saindo daquilo. Não sei se há aí uma ingenuidade, ou uma tirania. Certamente há a esperança de que não me deixe cair na mesma armadilha.
Gosto também de sentir raiva. É bom sentir raiva quando se está sozinha. Às vezes acontecem coisas que me dão verdadeiro ódio, mas eu prefiro adiar o ódio para a solidão. Prefiro gritar com as paredes e fantasiar vinganças. De preferência vinganças a serem concretizadas.

Eu gosto da solidão para planejar coisas más.
Eu gosto da solidão para me atormentar com coisas ruins.
Eu gosto da solidão também para imaginar um futuro bem bacana.
Às vezes megalomaniacamente bacana.
Tipo mega sena, iate, mansão, mulheres.
Tipo uma festa bacanérrima de aniversário.
Tipo torturar e matar uns políticos filhos da puta.
Tipo ter filhos e netos.
Tipo rever uma amiga que tem tempo.

Eu gosto de ficar sozinha também para não pensar em nada.
Perder meu tempo cutucando uma espinha, cortando unha do pé, fazendo bagunça.
Não gosto de desperdiçar qualquer oportunidade.
Por isso não dói trabalhar com aqueles personagens solitários do Ceylão. Não dói porque eles não me tocam. Na verdade, por mais que eu os veja e os construa também, eu não os compreendo. O desespero da monotonia não me atinge. O desespero de não ter com quem também não me atinge. Me atingem as pessoas, isso sim. Mas a solidão é como uma casa, um refúgio, um lugar sempre possível. Sempre viável. E sempre propício a me levar de volta ao mundo dos outros. Afinal, a solidão feliz de uma pessoa sempre atrai uma multidão de gente.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Balzaquianas

Caí em mim finalmente. Sim, eu vou fazer os temidos 30 anos e não, não é o fim do mundo. Pelo contrário. Caí em mim: estou louca para que chegue logo o dia. Eu vou fazer trinta anos!

Tinta anos. Eu tenho esperado por esse dia há quantos anos? Não sei. Imaginei tantas coisas, tantas coisas para mim. Tive muitos sonhos. Sempre imaginei que, quando fizesse 30, eu seria assim e assado. Na minha adolescência, eu me ia casada, com filhos pequenos, batalhando muito e com algum dinheiro no bolso. Algum bom dinheiro no bolso, quero dizer. Adultesci imaginando que não era tão difícil assim conseguir ter uma certa grana sobrando. Minha inteligência e minha educação seriam suficientes. E eu queria que isso viesse acompanhado do sonho americano. Casinha com cerca branca, filhos, cachorro.

Pois é, eu admito. Fui mesmo uma adolescente esquerdista, muitas vezes radicalmente esquerdista, mas que o que queria mesmo era ficar adulta vivendo o sonho americano. Por quê? Ainda não descobri.

Depois o tempo passou. Desisti dessa coisa de ter filhos antes dos trinta (espero tê-los antes dos quarenta). Desisti de ficar rica. Mas ainda sonhava com ter alguma grana sobrando e uma carreira de sucesso. Namorava essas figuras de revista Você.sa que, com trinta anos, já têm tudo, já conquistaram tudo...

Mas, estranhamente, quanto mais eu me aproximava dos trinta, mais tudo isso parecia distante. Minha incrível faculdade, a UFRJ, não parecia mais tão incrível assim. Greves, atrasos, maus professores, nenhuma avaliação, currículo confuso e um desinteresse crescente meu por tudo aquilo. Quis abandonar e quase o fiz. Mas eu pensava: não. Quero ter diploma para, caso for presa, ir para cela especial.

Hahaha. Pensava isso mesmo. Pensava e dizia, para quem quisesse ouvir. Com todas as letras. Bom, a gente nunca sabe do futuro, né? E nesse país de merda, onde quem tem mais tem mais e vive melhor é mais bem tratado, eu queria fazer parte do grupo de exclusão. E não me arrependo. Tenho o tal diploma. Me serviu para conseguir um emprego naquela empresa, a tal da Petrobrás.

Eu e Petrobrás, todo um capítulo à parte. Não vou contar muito porque não posso. Fui proibida na justiça de falar sobre o que me aconteceu na Petrobrás. Mas digo que foi feio, que foi escroto, que me fuderam e que quem me fudeu tem fama de ser uma pessoa revolucionária e defensora dos diretos dos trabalhadores. Uma dessas figuras de esquerda, ex-guerrilheira, fundadora do PT. Essas merdas. Bom, nada mais banal do que ser fudida por uma dessas figuras. Mas não posso falar nisso. Só digo que entrei na justiça e que a justiça me fudeu de novo.

Bom, falei da Petrobrás porque, quando comecei a trabalhar lá, parecia que finalmente eu ia realizar certos sonhos de infância de ser aquela mulher bem sucedida e tudo... logo deu merda e eu perdi aquele posto de mulher bem sucedida, e aquele dinheiro de mulher bem sucedida, e parei de usar aquelas roupas de mulher bem sucedida, e perdi a pose, e meu pai me olhava de novo com aquela cara de que eu era uma adolescente sem rumo e sem razão...

E nunca meu sonho de ser isso e aquilo aos trinta anos pareceu tão distante.

Depois disso, tentei não pensar mais no assunto. Tentei abstrair. Tentei fingir que a idade, os anos passando, não me incomodavam. Mas incomodavam. E, de repente, eu não sabia mais o que eu queria para quando fizesse trinta anos. Acho que, com o tempo, eu comecei a querer me sentir adulta. E apenas isso. Adulta.

Faz pouco tempo tive um desentendimento com meu pai. Mais um, depois de anos e anos de desentendimentos. Mais um. Esses desentendimentos me deixam exausta. Não que eu tenha tido muitos entendimentos com ele. Não, não tive. Bom, ele acha que teve comigo, mas é uma fantasia louca da cabeça dele. Dessas fantasias que os pais, quanto mais distantes são de seus filhos, têm em relação a eles. Tive esse desentendimento e foi a gota d’água. Fiquei um tempo sem falar com ele e quando finalmente falei, reuni toda a minha coragem e toda a minha análise e toda a sinceridade e boa vontade e escrevi um email. Não muito longo. Não muito curto. Escrevi um email direto e sincero. Disse as coisas principais e pedi que me respeitasse, me olhasse de frente, me encarasse como o ser humano adulto que sou. Meu pai respondeu evasivamente. Respondeu esquivamente. Respondeu sem nexo. Não o entendi. Não o entendo. A única coisa que eu entendi perfeitamente foi a frase: a lembrança que tenho de você é a de uma criança pendurada na estante e me olhando... e não quero trocar essa imagem por nenhuma outra.

E foi ao ler isso que eu entendi. Eu sou realmente uma pessoa adulta. Quando duvido de mim mesma, das minhas capacidades, de quem eu sou, do que eu quero e tento me moldar, eu estou dando trela ao meu pai, que me vê como uma criança. Um ser sem voltades próprias, sem ambições próprias, sem capacidade de se decisão e de se manter. E aí pensei: tenho quase trinta anos e não preciso de nada disso. Eu sou auto-suficiente. Eu sou totalmente capaz de me virar sozinha. E eu sou feliz. E sim, eu tenho minha casa, eu tenho minha esposa, um dia terei filhos e, finalmente!, eu tenho uma profissão.

Nunca estive tão bem na vida.
E vou fazer trinta anos.
Vou ser exatamente o que quero ser.
Uma pessoa criativa, viajante, com os pés no chão e a cabeça na lua.
E um saco de problemas sempre aparecendo, mas nada que eu não consiga lidar.
Eu sou meu próprio porto-seguro.
E não preciso de pai.
Nem de mãe.
É bom, não precisar deles.
E me reservar o direito de querer ou não a sua companhia.

Afinal, eu sou adulta. Vacinada. E que paga as próprias contas.
Demorou, mas aconteceu.

sábado, 19 de julho de 2008

ASSUNTO PARA PESQUISA: BÁRBARA NUNES

Coloquei meu nome no Google e isso foi o que eu encontrei:

1 – EU! Meu filme O Golpe Alien no CurtaAgora. Alias o Golpe Alien está em muitos lugares...

2 – Milhares de perfis de adolescentes e universitárias em blogs, no LinkedIn e sites correlatos. Também em sites de procura de empregos.

3 – Eu de novo, no IMDB

4 – Uma professora de negócios americana que, pelo que entendi, busca emprego

5 – Uma especialista em ciências criminais

6 – Uma terapeuta ocupacional que não sabe falar português

7 – Eu de novo. Posts de 2006 do Uns&Outros

8 – Mais e mais perfis em sites de relacionamento. Mas esses eu não tenho paciência para olhar...

9 – Eu! De novo! Quando passei para a segunda fase da FUVEST

10 – Uma outra Bárbara Nunes que também passou para a segunda fase da FUVEST

11 – Uma tal de Bárbara Nunes Gonçalves que, desde quando eu estava prestando vestibular, em idos de 1998. Ela sempre aparecia nas mesmas listas de aprovandos que eu e eu disputava internamente com ela, uma colocação imaginária. Ora, eu era a melhor Bárbara Nunes

12 – Uma antropóloga (eu acho)

13 – Eu de novo! Fotos minhas no site do meu clube excursionista

14 – A estudante de um colégio chamado Sta Bárbara e que se chama Bárbara Nunes Silva (quase eu!) (estranho não é achar alguém com esse nome, pois todas as partes dele são muito comuns. O mais estranho foi eu nunca ter achado antes. Houve um episódio anos atrás em que eu perdi o meu cartão do banco do Brasil em Brasília. Precisei fazer um saque com minha identidade, mas não me lembrava os dados da conta. A incrível descoberta foi que, ao buscar quantas Bárbara Nunes e Silva existiam no sistema deles, só apareceu eu!)

15 – Uma dançarina portuguesa

16 – Eu de novo. Meu blog Hoje Eu...

17 – Uma fotógrafa no Rio Grande do Sul, que dá cursos à comunidade

18 – A partir da página 7 todas as páginas acabam com meu blog Hoje Eu...

Bom, vamos ver se encontro alguma figura interessante ainda mais para a frente... ou se me encontro de novo, em outro lugar... Antigamente tinha uma puta, uma cientista e uma professora... OU seria uma professora de ciências puta? Vamos ver se encontro...

1 – Minha Colocação em primeiro lugar em Produção Cultural na UFF. Nunca cursei. Inda bem. Produção? To fora!

2 – Olha! Uma Bárbara Nunes auto-centrada que tem um blog e não sou eu!

3 – Eu! Nos agradecimentos do livro do Peréio, pode? Parece que está disponível para download. Olha que máximo!

4 – A Bárbara Nunes Gonçalves está em todas as listas de aprovados de todos os concursos imagináveis e a Bárbara dançarina também está em todas.

5 – Eu de novo! No site Paralelos, em matéria sobre aquele livretinho que lançamos no final da Oficina Literária da UERJ. Me lembro bem dessa matéria. Foi finalizada com uma citação à minha poesia para minha musa Clarisse, mas a pessoa cultíssima que escreveu a matéria me corrigiu! O nome da minha musa certamente era Clarice, não é verdade? E eu é que sou inculta e não sei escrever!

Ah! Chega. Cansei.
Conclusão?

1 – Há muitas Bárbaras Nunes andando por aí, e já há uma Bárbara Nunes Silva. Daqui a pouco eu serei afogada no meio de tantas homônimas.
2 – Os sites de relacionamento são uma praga e, na busca por uma pessoa, você dá de cara com um monte de perfis babacas. Que saco!
3 – Muitas dessas Bárbaras são umas adolescentes chatas. Odeio adolescentes. Desde a primeira vez que vi um!
4 – A outra coisa que enfesteia é esse monte de lista de aprovação em concurso. Que saco!
5 - Este blog no qual vos escrevo não tem absolutamente nenhuma relevância no google...

Fui até a página 25 dos resultados Google. Qualquer dia crio coragem e continuo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA

A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social do século XX.

Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.

A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.

O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros. Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web, dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração, sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial.

A Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da liberdade humana. E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números (IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente, "Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais. Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil.

Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com isso poder melhorar suas condições de existência. Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso.

É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.

Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador.

Deveríamos considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém! Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao "transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores para citá-los).

Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos. O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra, surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular"?

Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse sentido.

Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do tapete da história da sociedade da informação no século XXI.

Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003, e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na Internet brasileira.

André Lemos, Prof. Associado da Faculdade de Comunicação da UFBA, Pesquisador 1 do CNPq.

Sérgio Amadeu da Silveira, Prof. do Mestrado da Faculdade Cásper Líbero, ativista do software livre.

João Carlos Rebello Caribé, Publicitário e Consultor de Negócios em Midias Sociais

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Para assinar a petição, clique aqui.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Genocídio de Ruanda 1994

Acabei de ler um livro chamado "Sobrevivi para contar", escrito por uma mulher sobrevivente ao genocídio, Immaculée Ilibagiza. Immaculée sobreviveu ao extermínio de mais de 800.000 pessoas, inclusive o de quase toda a sua família, durante o genocídio de Ruanda, quando o governo Hutu incitou os cidadãos a caçarem, matarem e esquartejarem todo e qualquer Tutsi que vissem pela frente. Immaculée era tutsi, portanto estava na lista para ser exterminada e foi caçada por aqueles que haviam sido seus vizinhos, amigos e professores no passado. Sobreviveu graças a ajuda de um pastor hutu, que a escondeu em um pequeno banheiro junto com mais sete mulheres.

Minhas ignorâncias

Tutsis, hutus, Ruanda...

Me lembro vagamente de estudar alguma coisa sobre esse conflito enquanto acontecia. Sabia que Ruanda ficava na África. Sabia que os tutsi e os hutu eram dois grupos étnicos que viviam em Ruanda e que guerreavam, mas acho que nunca compreendi o que estava acontecendo. Era 1994, eu estava cursando o primeiro ano do segundo grau e minha ignorância sobre qualquer coisa relativa à África era apenas pouco menor do que a que tenho agora.


Resumindo a história
Ou, o pouco, muito pouco, que sei sobre Ruanda.

Ruanda é um pequeno país no centro da África.

Bom, é meio estranho começar assim. Queria falar um pouco da história de Ruanda. Mas Ruanda só existe depois da colonização. Depois que os europeus foram lá, demarcaram terras, dividiram entre eles e decidiram, depois de algumas disputas (tipo a primeira guerra mundial), que país iria ganhar qual pedaço da àfrica. Antes disso a África era um continente vasto, cheio de florestas,

mosquitos, animais perigosos e vanibais até onde nossa vista ignorante pode alcançar.

Portanto a história de Ruanda começa no século XIX, quando ela é "dada" à Alemanha. Posteriormente o controle sobre o país foi passado para a Bélgica.

Para controlar o país, que depois ainda se dividiu em dois, Ruanda e Burundi, os belgas se aproveitaram de um antigo sistema de poder entre as duas tribos dominantes do local, os tutsi e os hutu. Os tutsi eram uma minoria, mas eram eles que reinavam e controlavam a população local, de maioria hutu. Os belgas colocaram os tutsi para trabalhar com eles e lhes deram poder e liderança. Dessa forma procuravam controlar a população local com certa facilidade. Mas a parceria não durou muito, pois logo os tutsi se revoltaram contra os belgas e quiseram a independência. Acreditando que os hutu seriam mais fáceis de controlar, os belgas inverteram o sistema de poderes. Os hutu, que tinham grandes ressentimento contra os tutsi, os discriminaram e caçaram durante décadas. Muitos tutsi foram exilados nos paises visinhos.

Em 1990, uma força guerrilheira formada pelos tutsi exilados, a FPR, invadiu Ruanda tentando derrubar o governo. O governo hutu começou a fazer propaganda via rádio contra os tutsi, incitando a população ao ódio. Entre derrotas e vitórias, o governo e a força revolucionária tentavam chegar a algum acordo. Mas em 1994 o presidente hutu foi morto quando seu avião foi derrubado, logo que voltava de uma negociação pela paz. Com isso o gorverno passou a incitar a perseguição, a matança e a violência generalizada contra os tutsi, o que se extendeu também contra os hutu moderados, acabando por exterminar 800 mil pessoas.


Um trabalho a fazer

O governo incitava a população a parar tudo para se dedicar exclusivamente à caça de tutsi. Fecharam escolas, fábricas e o comércio. Nada mais funcionava. Ninguém deveria trabalhar até que o trabalho de exterminar as "baratas" tutsi fosse terminado. O governo utilizou-se de dinheiro cedido pela ONU para financiar a compra de milhões de facões, fuzis e revólveres que distribuiu pela população. Todos os meios de comunicação se dedicaram exclusivamente a pregar a limpeza étnica.

E o mundo assistiu calado. A ONU se retirou, os brancos foram evacuados.

E, em seguida, já não existiam ruas em Ruanda, existiam apenas pilhas de corpos, ossos, roupas, casas destruídas. Um cenário demoníaco.


Voltando ao livro

Pois é, Immaculèe sobreviveu a isso tudo escondida em um banheiro de 1m x 1,30m.

No livro ela conta a história do massacre sob um ponto de vista muito pessoal. Conta como a fé em Deus a salvou. As horas no banheiro apertado, onde mal podia se mexer e não podia fazer qualquer barulho para não atrair a atenção dos assassinos, e como gastou essas horas em transes em que pedia a Deus para perdoá-los, para ser capaz de amá-los pois eram filhos do mesmo Deus. Como sentia que o diabo tentava fazê-la perder as esperanças, como dizia a ela que ela estava mentindo a deus, pois em realidade odiava e queria a morte de seus perseguidores. E como ela conseguiu superar todas as suas angústias, medos e rancores pelo amor a Deus. E conseguiu perdoar. Mais tarde, quando a guerra já havia acabado, ela foi visitar o assassino de seus pais na cadeia. Ele havia sido seu vizinho. Aproveitara a situação para roubar os pertences da família. O carcereiro do assassino colocou-o na mesma sala com Immaculèe e disse a ela que ela poderia fazer com ele o que quisesse. Ela o perdoou.

Não, eu não acredito em Deus. Mas achei linda a fé dessa mulher. A capacidade de perdoar a monstruosidade alheia.


Mas, falando sobre isso...

Minha educação formal me ensinou que a África é um subcontinente, que só existe por causa da Europa. Antes dos europeus chegarem lá, não existia nada que merecesse qualquer atenção em aulas de história. E mesmo depois...

O que me foi ensinado é que lá os europeus conseguiam estabelecer-se e caçavam escravos pelas matas. Traziam esses escravos para as Américas e... bom, depois os europeus fizeram a primeira guerra mundial para disputar os territórios africanos. Uma vez estabalecido o que era de quem, ficou tudo bem, o mundo seguiu em paz...

Agora, sobre a história desses povos que habitavam e habitam a àfrica, nada sei. Como ficaram esses países, um pouco de história... Ah! nada disso é importante. A gente estuda no máximo um pouquinho sobre a África do Sul porque... Por que mesmo? Deve ser essa culpa judaico-cristã... temos que falar do apartheid, não é mesmo? E só.

Como pode um pais em que metade da população é formada por pessoas negras ou mestiças, simplesmente ignorar todo um continente? Como podemos não saber NADA sobre nossas raízes?
O apartheid existe de muitas formas...




E falando sobre o Apartheid...

Ontem deu no jornal que os EUA resolveram finalmente tirar Nelson Mandela da lista dos terroristas internacionais mais procurados. Ele estava lá por ter lutado contra o Apartheid.

Os EUA realmente sempre foram bons em apontar o dedo para bandidos internacionais...

E o melhor, os jornalistas brasileiros se limitam a comemorar o fato. Ninguém questiona nada.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Nos moldes do Insujeita

O Insujeita sim, que era blog de verdade. Desses que a gente sempre atualiza, que a gente cuida, lustra, que alguém visita com alguma freqüência. Este não. É um trambique só. Não sei nem a que se propõe. Se há algum clima de alguma seriedade nele. Não sei. Este blog é um blog abandonado. Não serve de análise, de exposição ou de diário. Não serve, simplesmente.

Bicha trambiqueira. Eis o que sou.

Na verdade esse blog é praticamente um resumo da minha existência.

Horas, dias em silêncio.
Ou não. Na verdade para mim é difícil me calar.
Passo meu tempo escrevendo poesias que ninguém lê.
Mas que esforço eu faço para que as leiam?

Bicha trambiqueira, eis o que sou.

E o blog morre por falta de publicação.
Ou não morre. Os blogs permanecem aí não importa o que.

O Insujeita ta lá.
Ta lá e eu nem nunca mais olhei para ele.
O Insujeita existe apesar de mim.

Outro dia recebi um email de uma amiga que me dizia ter ganho um livro sobre blogs femininos. E o Insujeita estava lá. Com análise e citação. O Insujeita, que não existe mais enquanto blog, mas enquanto lembrança, serve também como objeto de estudo.
É um bom motivo para não deletá-lo. Mas não é possível atualizá-lo porque não existe mais a pessoa que atuaizava o Insujeita.

Na verdade a pessoa que atualizava o Insujeita morreu anos atrás. Enquanto ainda havia o blog e foi substituída por muitas outras. Mas teve uma hora que as diferenças entre aquela que se auto-intitulava (como diziam meus marcianos) Insujeita e a que atualizava o blog era tanta que não houve jeito senão abortar a operação.

E novo blog criado para nada.
Um trambique só.