sábado, 31 de outubro de 2009

SOPA DE GOULASH DA BARBS

Eu nunca dei receitas pela internet, mas ontem resolvi cozinhar uma sopa de Goulash que ficou tão gostosa que achei que merecia a publicação. Infelizmente não tirei fotos.

Minha sopa não é bem a tradicional. Fiz uma complilação das receitas que peguei na internet e mudei ao meu jeito. Gosto de derreter as batatas e deixar o caldo bem grosso e bem vermelho. Foi a segunda vez que fiz essa sopa e acho que desta vez ficou no ponto certo.

INGREDIENTES:
- 1/2 kg de carne (eu uso alcatra)
- 2 batatas grandes
- 1 cenoura
- 1 cebola grande
- 3 dentes de alho
- 3 colheres de chá de páprica doce
- 3 colheres de sopa de extrato de tomate
- 1 colher de sopa de manteiga
- azeite extra virgem
- 2 tabletes de caldo de carne
- pimenta do reino e sal

PREPARO

Descasque a batata e a cenoura, corte em rodelas finas e coloque pra cozinhar em dois litros d`água. Faça isso antes de mais nada. A idéia é que a batata fique extremamente mole.

Pique a cebola, a carne em cubinhos de mais ou menos 1 cm e o alho. Refogue a cebola no azeite. Acrescente a carne e a manteiga. Deixe cozinhar um pouco. Coloque o alho, sal, pimenta e páprica. Misture bem. Acrescente o extrato de tomate e cozinhe por uns 3 minutos. Acrescente entao a agua dos legumes e complete com mais água se for necessário. No final deve ser colocado mais ou menos 1,5 L de água. Misture os legumes. Deixe cozinhar por mais quarenta minutos em fogo baixo ou até a carne ficar BEM macia. Se precisar, acrescente mais água ou regue com vinho tinto seco.

Sirva com um fio de creme de leite por cima e um pãozinho bacaninha.

Rende 4 proções.
Mas aviso: vai ser pouco. 

:-P

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Monstros tristonhos

Tatiana de Oliveira teve sua matrícula cancelada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) menos de um mês após o início do curso de Pedagogia, no qual ingressou pelo sistema de cota racial. A instituição inscreve candidatos cotistas com base na autodeclaração de cor/raça negra, mas depois, com base numa entrevista, pode rejeitar a matrícula. O pai da estudante se define como "pardo" e o avô paterno, como "preto", mas uma comissão da UFSM que funciona como tribunal racial pespegou-lhe o rótulo de "branca".

Juan Felipe Gomez, cotista ingressante na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), conheceu sorte similar. A instituição impugnou sua declaração racial, recusando uma declaração cartorial na qual a mãe do jovem se identificou como "parda" e "afrodescendente", uma certidão de nascimento que identifica a avó materna de Juan como "negra" e um prontuário civil em que a mãe é classificada como "parda". Ele não está só: na UFSCAR, um quarto dos candidatos aprovados pelo sistema de cotas raciais neste ano teve sua matrícula cancelada em razão de impugnações do tribunal racial.

Segundo a lenda divulgada pelos arautos da doutrina racialista, a "raça negra" é constituída pela soma dos que se declaram censitariamente "pretos" com os que se declaram "pardos". Em tese, o sistema de cotas raciais está destinado a esses dois grupos. Então, por que os tribunais raciais instalados nas universidades impugnam mestiços como Tatiana, Juan e tantos outros?

A resposta encontra-se na introdução de um livro de Eneida dos Reis devotado a investigar o lugar social do mulato. O autor da introdução é o antropólogo Kabengele Munanga, professor titular na USP e um dos ícones do projeto de racialização oficial do Brasil. Eis o que ele escreveu: "Os chamados mulatos têm seu patrimônio genético formado pela combinação dos cromossomos de 'branco' e de 'negro', o que faz deles seres naturalmente ambivalentes, ou seja, a simbiose (...) do 'branco' e do 'negro'. (...) os mestiços são parcialmente negros, mas não o são totalmente por causa do sangue ou das gotas de sangue do branco que carregam. Os mestiços são também brancos, mas o são apenas parcialmente por causa do sangue do negro que carregam."

O charlatanismo acadêmico está à solta. Cromossomos raciais? Sangue do branco? Sangue do negro? Seres naturalmente ambivalentes? Munanga quer dizer seres monstruosos? Do ponto mais alto da carreira universitária, o antropólogo professa a crença do "racismo científico", velha de mais de um século, na existência biológica de raças humanas, vestindo-a curiosamente numa linguagem decalcada da ciência genética. Mas ele vai adiante, saltando dos domínios da biologia para os da engenharia social: "Se no plano biológico, a ambiguidade dos mulatos é uma fatalidade da qual não podem escapar, no plano social e político-ideológico eles não podem permanecer (...) 'branco' e 'negro'; não podem se colocar numa posição de indiferença ou de neutralidade quanto a conflitos latentes ou reais que existem entre os dois grupos, aos quais pertencem, biológica e/ou etnicamente."

É o horror - científico, acadêmico e moral. Mas, desgraçadamente, nessas frases abomináveis, que representam um cancelamento do conceito de cidadania, está delineada uma visão de mundo e exposto um plano de ação. De acordo com elas, a mola propulsora da história é o conflito racial e, no Brasil, para que a história avance é preciso suprimir a mestiçagem, propiciando um embate direto entre as duas raças polares em conflito. O imperativo da supressão da mestiçagem exige que os mestiços - esses monstros tristonhos condenados pela sua natureza à ambivalência - façam uma escolha política, decidindo se querem ser "brancos" ou "negros" no novo mundo organizado pelo mito da raça.

No veredicto do Grande Inquisidor que ocupa o cargo de reitor da UFSM, Tatiana foi declarada "branca" porque, em audiência diante de um tribunal racial, ela não testemunhou ser vítima de discriminação racial. A estudante, tanto quanto Juan Felipe e os demais rejeitados pelo Brasil afora, teve cassado o direito à autodeclaração de cor/raça por um punhado de inquisidores, que são professores racialistas e militantes de ONGs do movimento negro. Mas, antes disso, essa turma tomou de assalto as chaves de acesso ao ensino superior e, desafiando as normas constitucionais, cassou o direito de centenas de milhares de jovens da cor "errada" de ingressar na universidade pelo mérito demonstrado em exames objetivos. A massa dos sem-direito é formada por estudantes de alta, média ou baixa renda, com diferentes tons de pele, que compartilham o azar de não funcionarem como símbolos úteis a uma ideologia.

Esquece-se com frequência que a pedra fundamental dos Estados baseados no princípio da raça é a proibição legal da miscigenação. A Lei Antimiscigenação da Virginia, de 1924, que sintetizava o sentido geral da legislação segregacionista nos EUA, definiu como "negros" todos os que tinham uma gota de "sangue negro". A Lei para a Proteção do Sangue Germânico, de 1935, na Alemanha nazista, criminalizava casamentos e relações sexuais entre judeus e arianos. A Lei de Proibição de Casamentos Mistos, de 1949, na África do Sul do apartheid, proibiu uniões e relações sexuais entre brancos e não-brancos. Raça é um empreendimento de higiene social: a busca da pureza.

Mestiçagem se faz na cama e na cultura. É troca entre corpos e intercâmbio de ideias. Os arautos brasileiros do mito da raça talvez gostassem de ter uma lei antimiscigenação, mas concentram-se na missão mais realista de higienizar as mentes, expurgando de nossa consciência a imagem de uma nação misturada. Cada um dos jovens mestiços pré-universitários terá de optar entre as alternativas inapeláveis de ser "branco" ou ser "negro". Para isso, e nada mais, servem as cotas raciais.

DEMÉTRIO MAGNOLI
(sociólogo e doutor em geografia pela USP)
email: demetrio.magnoli@terra.com.br
Retirado do Globo - Opinião - Quinta feira, 14 de maio de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

Preconceitos

Tenho pensado muito sobre preconceito. Há aquela frase que vira e mexe aparece por aí: "Onde mora o seu preconceito?" e que, por mais batida que seja, sempre mexe comigo.

Onde mora o meu preconceito? Em tantos lugares quantos pode haver. Sou uma pessoa preconceituosa sim, mas não diferentemente de todas as outras pessoas. Não é muito difícil observar o preconceito em cada esquina, em uma conversa, ou mesmo em um carinho em um cuidado, em uma oferta. Os preconceitos estão por aí, expostos para quem quiser vê-los. São tão comuns, fazem parte do nosso dia a dia tão corriqueiramente, que nós apenas não mais os notamos. Ou, pelo menos, fazemos grande esforço para não os notarmos. E para não nos expormos, também.

Por algum motivo, sempre que eu puxo o assunto "preconceito" as pessoas pensam imediatamente em racismo. Talvez porque esse seja o preconceito mais comumente observável. Mas me refiro a todo tipo de preconceito. Cor, religião, sexualidade, nacionalidade, naturalidade, estilo de vida, de vestir, lugares, atitudes, gírias, tatuagens, cortes de cabelo, amizades, visão poleitica, opniões diversas, gosto litereario. Meu Deus, é incrível a gama de coisas que pode gerar preconceitos.

Sentindo na minha própria pele, o preconceito que, a princípio, mais me deveria atingir é sobre minha sexualidade. Sou bissexual, o que significa, para quem não sabe, que sou discriminada tanto por heterossexuais como por homossexuais que não acreditam que bissexualidade seja uma coisa possível. Juro. Os homossexuais acham que bissexuais são pessoas mal resolvidas só por que são diferentes deles. Acusam os bissexuais de quererem "exercer" sua homossexualidade sem querer assumir o "estigma". Para muitos a bissexualidade é tão impossível quanto o monstro do armário. Ou talvez seja mesmo o próprio monstro. A verdade é que ninguém gosta muito do que é diferente. Travestis discriminam homossexuais masculinos e vice versa. Lésbicas discriminam todo mundo. E eu me acho uma estranha nesse meio todo. Tanto dos homossexuais quanto dos heterossexuais.

Como é ruim andar pela rua e ouvir buzinadas de carros. Ou piadinhas gritadas de uma obra. Ou discutir com motoristas de ônibus apenas porque estou com minha namorada, passeando.

Mas, para falar a verdade, esse não é o preconceito que mais me incomoda.

Na verdade o que mais me incomoda é ver como é fácil a gente enquadrar os outros por um pequeno pedaço de informação.

Meu irmão, por exemplo.
Ele é economista, formado pela UFRJ, com mestrado na USP e atualmente em NY, fazendo doutorado.
Não, ele não é rico. é, na verdade, um cara que sempre teve pouca grana. Mas não é sobre dinheiro que eu queria falar.
Meu irmão tem uma visão politica muito própria. Ele se recusa a ser de esquerda ou de direita. Ele procura ver prós e contras em qualquer situação (o que as vezes é realmente irritante).
Então ele pode amar o Lula e falar muito mal dele ao mesmo tempo. Pode odiar a politica externa americana e apoiar alguma parte dela. E quado ele entra em uma discução, ele entra para valer. Com dados, com teorias, com noticias e História.
Ele é um leitor inveterado e, ainda criança colecionava livros sobre a História das civilizações.
Nossos amigos têm certeza absoluta de que ele é um cara de extrema direita, apenas por ele não se submeter a ter a mesma opnião de todo mundo.
Isso o machuca extremamente.

MInha mãe sofreu muito preconceito qundo se converteu. Ela não tinha religião e me criou uma criança atéia, nunca frequentei igreja nenhuma nem tive qualquer relação com espiritualidade. Quando eu já era adolescente, ela comecou a procurar uma religião e, nesse processo, se evangelizou pela Igreja Presbiteriana. Ou seja, minha mãe é evangélica e diz isso em alto e bom som, apesar de, por conta disso, ter perdido o carinho e o respeito de muita gente. Ela deixou de pertencer ao grupo das "pessoas legais" porque entrou para o grupo das "pessoas sem cérebro e sem graça".

Um dos preconceitos que mais me atinge é sobre o meu temperamento. Tenho mania de ser recolhida, na minha, e de me afastar quando vejo que uma situação vai se tornar problemática desnecessariamente. Faço isso porque tenho um temperamento explosivo e, no passado, brigava muito com as pessoas. Com o passar dos anos, achei que era me lhor me recolher e esperar a turbulência passar antes de conversar sobre uma situação delicada. Mas sempre espero conversar e ter tudo preto no branco, tudo entendido, tudo explicado. Mesmo que daí não venha um entendimento, venha uma ruptura. Mas sou assim, gosto de tudo as claras. De uns anos pra cá notei que, muitas vezes, meus amigos me consideram uma pessoa dificil e me excluem de certas coisas porque acham que eu posso dar pití, posso bater boca, posso colocar alguém em alguma situação ruim. Muitas vezes é como se eles não me conhecessem.

Mas não, não é sobre esse preconceito que quero falar, porque ele é muito pessoal.

Um outro preconceito que me atinge é a respeito das minhas leituras.
Leio muito, compulsivamente.
E leio coisas muito variadas.
Gosto muito de romances, de poesia, de História, de Astronomia, livros de arte e de coisas ligadas a minha area, cinema.
Mas o meu fraco mesmo é por ficção científica.
Meu Deus, como gosto de ficcão! E como me apaixono pelas histórias!
Quando acabei de ler Farenheint 451 chorei por dois dias. Fui ao trabalho vermelha e inchada de tanto chorar. Passava horas olhando para frente, pensativa.
Quando me perguntavam o que eu tinha eu dizia: foi um livro. (O que já deve parecer completamente estranho). Quando me merguntavam qual, e eu respondia, quase podia ver as gargalhadas se formando na cara das pessoas.
Meu Deus! um livro de ficcao científica! Como alguém pode ficar assim por causa disso?

Não há respeito por esse tipo de literatura, principalmente por parte de pessoas "intelectualizadas". Elas não ficariam assim por tão pouco. Não, claro que não. E ali me julgam estranha, esquisita, boba. Nem sei, Mas me julgam e é obvio.
Esse tipo de coisa (que é bem corrente em minha vida) me magoa. Assim como também o pouco respeito que as pessoas têm pela minha opnião própria.
Se eu digo que sou contra a pirataria somali, sou a favor de guantanamo. Se digo que quero explodir o congresso, sou uma agente secreta americana, se digo que quero ter filhos e morar numa casa com jardim, sou tradicionalista, se ando de bicicleta quando tenho carro, sou esquisita e se peço para meus amigos fumantes que joguem seus cigarros em lugares apropriados sou polîcial anti-tabagista. Se sou contra cotas raciais, sou racista. Qaundo era estudante, tinha que ser do PSTU, mas se sou contra o PSTU, só posso ser pró-PSDB e se também não sou nada disso... não podia participar de grupos estudantis, porque nunca me encaixei.

Hoje li no jornal uma notícia que me deixou feliz e triste ao memso tempo.
Uma travesti, chamada Luma, professora de educação no Ceará, está fazendo doutorado e lutando para conquistar seu espaço na sociedade, principalmente na sociedade acadêmica que é ainda mais fechada do que boa parte do resto do mundo.
Luma conta que sofreu preconceito desde criança por gostar de coisas de menina e que, depois de passar em concurso público em primeiro lugar para alguma niversidade, foi barrrada pelo reitor que nao aceituou sua sexualidade. Lutou e conseguiu assumir o posto.
Puxa vida. Ponto para ela. Que reportagem para cima, né? Que bom que ela conseguiu sair do estigma de ser travesti de vida fácil. Ou mais uma cabelereira ou maquiadora. Legal.
Mas lá no fim da reportagem estava escrito: "Foi a primaeira colocada em um concurso em Aracati, mas o diretor se negou a empossá-la. Foi preciso intervenção da Corregedoria (...). E recebeu propostas para fazer programas sexuais em em Fortaleza. Recusou: - Tento mostrar as pessoas que existe outra forma de vencer."
Como assim, terminar a reportagem falando das propostas sexuais que recebeu?! Se vamos falar de vencedores do preconceito, não vamos mostrea-los como surgidos da lama que, a muito custo, não voltam para a lama. Vamos mostrar como pessoas comuns que brigam suas brigas e que mostram que "na sua diferença, você pode ser igual", como disse a própria Luma no meio da reportagem.

Pequenos e grandes preconceitos. Alguns são tão pequenos que a gente mal nota que eles estão lá.
São os preconceitos nossos de cada dia.

Somos todos tão diferentes e queremos ser diferentes.
Cada pessoa buscando sua individualidade.
Seria muito bom se pudéssemos ver as pessoas pelo que são.
As vezes me pergunto se o preconceito é parte daquilo que nos torna humanos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Israel, as origens e o presente - um protesto

Protesto que está rolando na internet.
A idéia é comparar o nazismo ao sionismo, uma vez que o recebte "conflito" na Faixa de Gaza deixou o mundo mais alerta para os reverses da História humana.

(Ps: As imagens abaixo me chegaram por email. Não sou autora nem tenho nenhum direito sobre elas.)